E por desastre entenda entrar na sala de cinema e em vez de ver filme, ver problema de projeção.
Quando acontece só um vez, você até pensa: Ah! Ok! Hoje eu não tive sorte... Só isso.
Mas e quando são duas vezes?!
Ou três?!
E em sequencia?!
Sim, pois ultimamente eu tenho ido muito ao cinema. Sabe, eu adoro cinema. Até sozinho eu vou quando não consigo arrastar ninguém comigo. Mas eu gosto de ver filmes. Não de ver problemas.
E agora vou dizer como foi a ultima dessas minhas três visitas ao cinema.
Consegui levar um amigo e um irmão.
O filme era uma grande produção.
Meia hora de trailers e propagandas.
E voilà! Começa o filme... A imagem lá, na tela grande...
Ou melhor, parte da imagem na tela e parte da imagem na parede.
Alguém deveria reclamar, mas ninguém se manifestou. Obviamente que eu não fiquei parado. Não sei você, mas não curto muito a idéia de ver metade do filme na tela e metade na parede.
Saí correndo da sala em busca de alguém que me pudesse ajudar.
Nessa hora eu percebi que não havia nos corredores do cinema uma plaquinha: Ajuda.
Ok, cinema não é windows.
Fui até o final dos corredores e achei um infeliz com o uniforme do cinema. Fui na direção dele e ele abriu a porta pra eu sair. Quis dizer: “Não quero sair, seu idiota! Quero ajuda pra ver o filme!” Mas disse:
- O filme da sala 5 tá com problema!
Ele aparentemente me ignorou, fechou a porta que tinha aberto pra eu passar e virou pro outro lado:
- Ô rebeca, ta com um problema num filme lá...
Olhei pra Rebeca, que aparentemente era o neurônio dominante ali:
- É, na sala 5. O filme tá cortado e parte da projeção ta na parede.
O gênio que olhou pra mim enquanto eu falava com a Rebeca fez o seguinte comentário GENIAL para a Rebeca:
- O filme ta cortado.
A Rebeca que estava olhando pra mim enquanto eu falava olhou pra ele e perguntou:
- Quem ta lá?!
Quis responder:
“Um monte de gente que pagou pra ver o filme na tela, em vez de vê-lo na perde??!”
Mas a pergunta não foi pra mim.
O gênio respondeu:
- Não sei.
Pensei em um palavrão. No caso, o palavrão foi: Puta que pariu.
Nisso outro funcionário passou por ali. Rebeca o chamou:
- Marcelo, quem ta na projeção da sala 5?
E ela o fez na maior calma! E eu ali, perdendo o filme...
O Marcelo foi andando e sentou do lado da Rebeca, ignorou minha cara de indignação e perguntou pra Rebeca:
- Não sei, por quê?
Rebeca usou todo o seu domínio da língua portuguesa pra responder:
- Ta com um problema lá
O terceiro neurônio do grupo, Marcelo, perguntou:
- Que problema?
Respondi, antes que outro pseudo ser humano ali respondesse:
- Ta pegando fogo num pedaço da tela!
Não achei que isso ia funcionar. Mas né, subestimei a burrice deles.
Marcelo saiu correndo numa velocidade que me assustou! Fui correndo atrás, achando aquilo o máximo!
Ele entrou na sala cinco e ia andando em direção a tela, como se pra resolver um incêndio você precisasse ir colocar o seu nariz nele. E eu corri pro meu lugar.
Evidentemente ele percebeu que a tela não estava pegando fogo , mas não tinha mais como me achar no escuro do cinema.
E já que ele estava ali, e o filme estava na parede, ele resolveu chamar alguém pelo radio e o problema se resolveu. Antes disso ele saiu da sala e o filme continuou ruim, pensei que teria que convencer outra pessoa a sair do cinema e inventar outra tragédia. Mas enquanto eu tentava fazer isso o filme voltou ao normal.
Como diria o Dr House:
"People lie for thousands of reasons. There's always a reason."
Ver o filme pelo qual você pagou pra ver, na minha cabeça, é uma ótima razão.
Moral da história: Nunca subestime a falta de inteligência e falta de boa vontade de alguém que pode resolver o seu problema.