segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sou um carioca de merda – Parte 2

Você que não mora na cidade maravilhosa e acha que o que dizem na novela das oito é verdade, você está sendo enganado.

A mídia fica falando de zona sul, de Copacabana, Ipanema e Leblon. Sobre eles eu vos digo: Cheiro de urina em todas as esquinas.

Sim, amigo, o Rio de Janeiro do cartão postal fede a mijo.

Aí você sai das esquinas então, vai pra praia.

Sabe o que tem na praia?

Sabe?!

Não Leo! Não sei! Fala! Fala! Fala o que tem na praia!

Eu falo, amigo, eu falo! Tem POMBO!

EEEEECCCCAAAA! Tem pombo, Leo?!?

Tem! Tem pombo! Aliás, não tem só pombo, tem mosca. Afinal pombo tem em todo lugar mesmo, mas mosca?! MOSCA?!

Moscas pegando onda.

E você pegando doença.

Mas, apesar dos pesares, nem tudo é ruim. O mar por exemplo é realmente bonito, pra quem curte mar, é obvio. A noite também é boa, os melhores e mais caros bares geralmente ficam ali pela zona sul.

O que eu quero dizer é que aquilo ali não é essa coca-cola toda.

Aí você pode dizer:

Ah cara, isso é despeito! Tu queria morar lá e ta desmerecendo porque não pode!

Não! Seu idiota! Eu QUERIA morar lá, até IR lá, até sentir o cheiro de lá, até ver um valão no meio da praia e ver todo mundo achando que é super normal.

A zona sul não deve ser riscada do mapa, aliás, até indico que você visite, se vier de longe, mas só não imagine que todos os porteiros tem bigodes e que tem Helenas por aqui e por ali.

O Rio tem N outros lugares legais. Porque não visitar a Zone Oeste, por exemplo?! Já ouviu falar de Curicica? Pode até ser um dos IPTUs mais baratos do Rio, mas o índice de violência é baixo, mesmo com pessoas de baixo poder aquisitivo. Você pode sentar num barzinho pé de chinelo ou num barzinho bem arrumadinho e bonitinho e tomar seu choppinho numa boa, até tarde da noite.

As ruas não fedem e as pessoas dão bom dia pra você na padaria.

Aliás, se você quiser ir pra um lugar carioca, vai pra Lapa uma noite dessas. É meio perigoso, um pouco sujo, mas bem legal. Não fica só na zona sul não.

E ó, se o lance for mesmo zona sul, tem a lagoa. Tirando os mendigos o lugar é muito bacaninha.

E se você for carioca e me odiar porque eu não vejo só coisas bonitinhas da minha cidade... Foda-se. Odeia aí.

E se você for da Zona Sul, eu queria saber de mais coisas legais de lá, pra eu não ser injusto.

E se você for de abraço, uma abraço pra você.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Pessoas - 3 de 42

Gente sem noção

Ao contrario do que as pessoas dizem, os sem noção tem sim poder para dominar o mundo. A pessoa que não possui noção, geralmente possui cara de pau e jogo de cintura. E eu te pergunto: Não são estes os trunfos para uma vida tranquila e de sucesso?

Gente sem noção escuta música alto em transporte publico porque tem cara de pau suficiente pra achar que aquilo é um direito dela.

Gente sem noção quando encontra um semelhante tem jogo de cintura pra continuar sendo insuportável e não deixar que a falta de noção do igual ofusque a sua.

Visto isso, quem você acha que vai ser o gerente geral da tua empresa, o cara que sabe o que está fazendo ou o cara que não sabe mas que mesmo assim age como se soubesse e fosse muito melhor que você, tendo ainda a cara de pau de reclamar quando você sugere alguma coisa mais coerente a se fazer diante de determinada situação?

E quem você acha que a bala perdida vai acertar, o cara que está com um revolver dando tiros a esmo ou a pessoa que está educadamente sentada em sua cadeira no bar tomando sua tão merecida gelada de cada dia???!

A diferença entre uma praga e um sem noção é que contra as pragas existem mecanismos do governo para controle, e os sem noção geralmente estão no governo controlando você.

Pessoas - 2 de 42

Pessoa que foge dos assuntos interessantes.

São pessoas que geralmente são muito inteligentes, mas super apegadas a futilidades. É aquela pessoa que quando assunto começa a esquentar, seja sexual ou “raivosamente”, ela desconversa. O que lhe parece uma pena, pois você sempre espera, diante da inteligência que lhes são peculiar, ouvir comentários bem colocados ou divertidos, porém, em vez disso, ela olha pro outro lado e começa um discurso de dias sobre suas aventuras com determinado tipo de sanduíche.

Por isso, diante dessas pessoas, o que você precisa é ter segurança de que o problema não é você. Muitas vezes a conversa está fluindo tão bem que você pensa que passou dos limites, mas relaxe, a menos que você seja um sem noção, tudo está sob controle. A insegurança e o direito de falar sobre o que lhe convém é dela, cabe a ti respeitar e não deixar um papo sobre os problemas do mundo virar um monologo sobre a vez que essa pessoa pegou o ônibus errado. Jogo de cintura, mon cher, quando perder o fio da meada, volte ao ultimo ponto seguro e faça a curva oposta, levando a conversa pra qualquer outro lado, desde que seja bom para ambos.

Pessoas - 1 de 42


Pessoas que falam muito, tanto que possivelmente nunca tiveram uma conversa, somente monólogos. Ela domina todo o “palco” e você ali é apenas um espectador. Com sorte teu celular toca e você inventa uma desculpa pra ir embora. Mas você tem que ser rápido, qualquer hesitação e ela recomeça a falar, aí amigo... Nem Deus.

Para essas pessoas tudo lembra alguma história, incrível!

Por isso você deve falar o mínimo possível. Não que ela vá te deixar falar, mas é bom evitar “uhuns” também. Já é difícil ela parar e se você mostrar o mínimo de interesse não vai ter mais jeito.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sou um carioca de merda.

Moro numa cidade famosa por seus pontos turísticos, mas os turistas os conhecem melhor do que eu. De todos os pontos turísticos do Rio de Janeiro, só visitei uns 15%.

Esses dias acordei com uma vontade louca de conhecer minha cidade... Tipo, louca mesmo.

Aí, num desses papos de varanda, constatei que existem diversos pontos da cidade que podem ser considerados turísticos e que pra eu visitar só preciso de boa vontade e o dinheiro do ônibus. Achei isso magnífico e agora começo a criar na cabeça uma lista de lugares pra visitar... De agora até o meio do ano serei um turista na minha própria cidade.

Será como um especial de TV:

3 amigos.
1 bilhete único.
42 pontos turísticos.
E apenas um objetivo...

Não percam, a partir de segunda-feira, neste mesmo canal.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Days of our lives

Penso que durante os períodos da vida, cada ser humano tem um punhado de problemas pra resolver. São como as chuvas, cada época do ano é previsto que caia um determinado volume.

Hoje o dia foi mais ou menos como uma dessas catástrofes da natureza, quando cai num único dia o volume de chuva esperado para o ano todo.

Abri o olho e minha cabeça latejava.

Não adiantou fechar os olhos de novo, minha cabeça ia explodir, era fato.

Levantei de uma só vez. Sabe o lance de retirar o curativo rápido pra não doer?!
Então, não funciona. Nem com o curativo nem na hora de levantar.

Fiquei de pé muito rápido e perdi o equilíbrio, derrubei o ventilador e ao tentar salva-lo bati com a cabeça na quina do meu armário.

Precisamos sempre lembrar, amigos, que quando uma coisa está caindo o esforço pra tentar salva-la só vai ampliar os danos. Fato, creiam-me.

Agora eu chorava, involuntariamente. As lagrimas vem com a dor, e só caem por um dos olhos. Pensei num palavrão, mas acabei gritando outro. Era muito cedo, acordei meu pai. O ponto positivo foi ter alguém pra me ajudar.

Vida que segue, estava atrasado, tomei banho e corri. Corri em vão, corri pra fila.

Exame em mãos voltei pra casa, nem abri. Senti-me uma menina que após a camisinha estourar, faz o exame e tem medo de abrir e ver o resultado.

No meu caso a cesariana tiraria de mim um pedaço de matéria morta, se eu fosse a menina a operação lhe tiraria um pedaço de matéria que chora.

Já mais tranqüilo com minhas brilhantes conclusões e refeito de minha masculidade, entrei em casa e fui pra cozinha.

Comer faz bem em momentos difíceis. Comi rápido, pois ainda tinha coisa pra fazer e estava sem o café da manhã.

Comi tão rápido que vomitei.

Como eu já tinha acordado meu pai, ele ficou preocupado, pais preocupados adoram levar filhos a médicos.

E o que os médicos fazem?

Dizem que você está enjoado por causa da dor.

Ótimo, me dá um Vicodin então, porra.

Mas não, médicos gostam de fazer as coisas certas, como devem ser.

O problema é que isso me atrasa. Mas tudo bem, meu outro compromisso estava dormindo ainda.

Volto pra casa, tomo remédio, reponho o alimento que fugiu no vomito.

Anoto que o motivo da dor é a alergia, que preciso lavar o ventilador.

Neste momento lembro que não há necessidade de limpar o ventilador, ele está quebrado, em mil pedaços no chão do meu quarto.

Viram?! Há males que vem para... Para piorar as coisas.

Corro pra internet, preciso resolver meus problemas online, tenho que fazer isso rápido pq mais tarde to planejando sair pra resolver meus problemas de coração.

Não, não com o meu cardiologista, com a namorada mesmo.

Mas, como nem tudo são flores, a faculdade não me deixou resolver de forma online meu problema. Teria que ir até lá... Mas tudo bem, essa hora minha namorada já tá saindo com outras pessoas.

Aliás, como ela tem feito muito nos últimos tempos, nem lembro direito como ela é.

Será que ela ta me traindo?

Bom, se estiver, tomara que seja com um cara bonito e que não precise de remédios controlados.

Enfim...

Muito apropriadamente uma amiga que acabou de ficar solteira me liga, ta na fossa. Isso não é bom pra ela, mas pra mim serve pra eu perceber que há sempre alguém mais fudido do que eu.

Eu sou um poço de bondade ignorando meus problemas pra confortar os outros. Feito isso, percebo que minha dor ta passando. YEAH!

Fui fazer um almoço, como disse, comer é sempre uma coisa que me acalma.

E cozinhar é uma terapia.

Finalemnte amolaram minha faca. Mas que alegria, meu povo! Que alegria!

Ponto a favor: O corte é mais preciso, consigo deixar o filé do jeito que eu quero.
Ponto contra: O corte é mais preciso, consigo arrancar um pedaço do meu dedo.
Mas é coisa pouca, nem vai fazer falta.

Comida no fogo, venho pra cá, escrever no blog, pois disso eu sinto falta, sinto falta de falar dá minha vida para os outros.

Feito isto, vou comer, essa tarde vou encontrar uns amigos e passar a noite na faculdade resolvendo pepino. Aliás, talvez não... Já choveu tanto que talvez a previsão do tempo me dê uma folga.

Um beijo pra quem é de beijo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Lost


Esta será uma postagem dedicada ao tempo que dediquei para assistir um determinado seriado de TV. Este post conterá spoilers e conselhos, caso ainda não tenha visto a série faça-me o favor de não ler.

Ou me faça o favor de ler, tanto faz, você é quem sabe o que deveria fazer. Só você. Não o teu amigo, não eu, não o Jacob e muito menos uma porção de terra emersa, menor que um continente, cercada de água em oceano, mar, lago ou rio. Pelo amor de Deus.

Enfim, a série começa com um avião caindo. Até aí ok, aviões caem mesmo, aviões e elevadores. Normal.

O avião se divide em 3 pedaços e o principal cai na praia. Super normal também... Afinal se caísse na água ia dar um trabalho infernal pra filmar os protagonistas molhados e blábláblá... Ah é! Depois de se dividir em 3 pedaços e cair no chão haviam uns quase 50 sobreviventes.

Muito convenientemente dentre os sobreviventes havia um médico, um soldado iraquiano especialista em tortura (o que é importantíssimo pro que está por vir), uma grávida, dois asiáticos, uma menina mimada, um pai que mal conhecia o filho e o filho que mal conhecia o pai (sorte do filho, porque o pai era chato pra cacete), um cão (Sim! Um cão! Ele apareceu lá, livre leve e solto, como se nunca estivesse estado preso numa casinha daquelas de viagem para cães. E nem dopado o cão estava. Muito normal cães viajarem assim.). Havia também entre os sobreviventes uma presidiária e um cara que era meio golpista, meio policial, meio puto com a vida, meio romântico e completamente interado sobre o assunto apelidos convenientes. E mais conveniente ainda, sobreviveram uns 30 e poucos figurantes e um cara careca.

Aí a historia começa.

Avião cai, pessoas gritam e choram, o careca ri e se faz de misterioso, o cachorro late e abana o rabo, o pai grita o nome do filho, o filho eu sei lá, tava em algum lugar tão importante quanto o personagem dentro da séria. O médico vira líder e se apaixona pela presidiária, os asiáticos falam três horas e na legenda parece “ok”, os figurantes morrem de vem quando, aparecem de vez em quando e nunca fazem nada legal. É mais ou menos assim até o final da série.

O que os sobreviventes fazem?!

Entram em conflito pra saber quem manda mais, o médico ou o careca. Os sobreviventes também encontram armas o tempo todo e as usam pro seu jogo favorito: Perder armas.

Sim, toda hora eles arrumam um motivo pra entrar pela mata e perder armas para os nativos.

Ah! Não falei dos nativos...

Existiam nativos na ilha. Eles eram inteligentes o suficiente para se infiltrar no grupo de sobreviventes e burros os suficiente pra ficar morrendo a toa. Sim, porque uns 50 personagem de Lost poderiam ter ficado vivos se simplesmente explicassem o que estavam fazendo.

Mas parece que é a lei da ilha:

Invente uma moda, finja que é importante, seqüestre alguém pra te ajudar, não explique nada e espere alguém te matar pq você não explicou que só queria ajuda para abrir uma portinhola.

Muito conveniente também era o pique das pessoas. Eu não sei você, mas me faça andar meia hora dentro de uma mata fechada e ao chegar estarei exausto. Mas os caras lá não, mesmo sendo um obeso ou um viciado em drogas você é capaz de andar Kms por dia, sem parar, e estar disposto ainda pra ficar dando tiro a torto e a direito. E sim, 90% dos sobreviventes, sendo médicos, golpistas, assassina, dentista ou careca, sabiam atirar.

A ilha era tipo uma ilha dos mistérios. No primeiro dia nego ouviu barulho na floresta e já disse que tinha monstro lá. Com o tempo você descobre que não é monstro, é só um careca que vira fumaça. Normal.

Uma instituição cientifica habitou a ilha nos anos 70/80, por isso todos os estabelecimentos que os sobreviventes encontravam eram rigorosamente estilosos.

Os personagens principais são meio chatos. Um é um careca que me irritou nas primeiras temporadas pq era chatíssimo com esse lance de “tudo acontece por algum motivo” o outro era um médico que se apaixonava toda hora por uma heroína e não comia ninguém. Em vez disso, o cara vigarista/policial/piadista pegava as mulheres dele. Desde uma policial que saiu direto do filme SWAT até uma médica cuja cara de nojo lhe foi implantada numa cirurgia, passando pela assassina que não sabia quem queria.

Enquanto a séria seguia o pai gritava pelo filho, o filho sumia, o cachorro aparecia encontrando sempre alguma coisa e sendo mais esperto que os humanos. Vez ou outra um figurante aparecia e ganhava voz, mas isso não foi nada. Nada importante. Se bem que a melhor cena de todo o seriado foi protagonizada por um dos figurantes que ganhou um papel na série com o tempo. Era um professor muito chato, mas que morreu de forma esplendorosa, me fazendo chorar de rir.

Aí a temporada termina com um mistério. Tudo nessa porra é baseada num mistério e o maior mistério de Lost é: “Para que eu comecei a ver esta merda?”



Por enquanto eu vou ficar pensando nisso, no porquê ter começado a ver. Afinal, valeu a pena, gosto das coisas que fogem do padrão.

Se a série é boa ou ruim?! Não formei minha opinião direito ainda, tô meio perdido.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Você acreditaria?


Se alguém lhe contasse a história a seguir, você acreditaria?

Cara, eu sou um espécie defeituosa de romântico... Na minha cabeça o jogo da conquista nunca deve morrer, não concordo com comodismo em relacionamento amoroso, as surpresas sempre são necessárias. Ou as tentativas de surpreender, pelo menos.

Aí tava ali naquela mesmice tosca, onde os problemas são ignorados para o conforto de quem não quer ter trabalho entendendo e pra comodismo do outro que é incapaz de ser otimista diante de adversidades. Afinal todo mundo erra e o maior erro é ficar achando que está sempre certo.

Eis que decidi tentar outra vez fazer alguma coisa legal. Digo mais uma vez porque a ultima tentativa foi um fiasco absurdo. Aí tentei um encontro simples, acabou que o momento era impróprio e eu simplesmente desisti. Aí tudo desandou comigo. Comigo, preste a atenção.

Meus problemas me deprimem. Esse me deprimiu e só o que eu conseguia pensar em fazer era debatê-lo. Sabe, buscar apoio ou coisa assim? Mas isso não é romântico e já tive experiências ruins. No fim, deixei de lado.

Fiquei ali, na minha vidinha. Haveria a possibilidade de um encontro. Seria num lugar que eu não gosto. Na verdade, não é que eu não goste, eu adoro, mas algo físico me impede de me sentir bem lá... Pelo menos por enquanto é lugar riscado da minha lista de passeios. Eu lamentei isso com tanto pesar, mas tanto que ficava até triste só de ouvir falar. Mas bola pra frente, levo como motivação pra melhorar.

Meu dia então seria meio chato, ficaria o tempo inteiro pensando que poderia ir. Mas a verdade é que eu não deveria ir, seria irresponsabilidade minha. Até pq muito provavelmente situações que me desagradam iriam se repetir, eu precisaria estar bem pra ignorar esse meu lado negro e me divertir. Mas eu não estava, não superaria, estar lá seria pior do que estar aqui. E olha que estar aqui é muito ruim, nossa...

O dia começa e de repente uma noticia ruim que me enche de alegria. Senti-me ridiculamente egoísta, mas os planos foram mudados e eu teria tempo pra superar umas coisas e quando finalmente chegasse a hora eu estaria preparado e não precisaria lamentar ficar de fora. Opa!

Meu sentimento egoísta não passou despercebido por meu coração, que na mesma hora decidiu agir. Isso pq naquela hora um telefonema mudou tudo, dentro de pouco tempo eu teria um encontro. E ele precisava ser o melhor encontro.

Corri, usei a internet pra encontrar coisas legais e me programar, tudo deveria sair muito bem calculado. Bom programa, bom humor, roupa escolhida a dedo, o perfume que ela gosta e tempo. Eu iria me redimir por ter andado tão triste e por ter ficado feliz por egoísmo.

Ok, um filme romântico seria bom, achei aquele que já havíamos comentado e queríamos ver, eu queria surpreender por isso fui logo e adiantei as entradas. Tenho uma fama ruim com relação à comida, então pensei num lugar em que eu pudesse me redimir. Essa parte seria a de menos, o ideal era o lugar ser calmo o suficiente, poderíamos conversar como nos velhos tempos, sem pressão de assuntos pesados ou de condições. Simplesmente livres pra rir do que quiséssemos. O cardápio me fez rir, não tinha muito a ver comigo, mas se eu ri era um bom sinal.

Corri bastante e acho que deu tempo pra fazer tudo. Infelizmente eu precisei mentir uma parte, era sobre meu plano anterior, afinal eu estaria ali para outra coisa que obviamente já tinha desistido. Mas eu contaria tudo depois, sem problemas.

Minutos antes do encontro de fato, ela já estava chegando, parei um pouco. Sabe a gripe? Sabe quando ela vai embora e deixa vestígios em pessoas alérgicas?! Pois é, as vezes rola comigo. Ou melhor, acho que foi isso. Eu estava meio febril, minha cabeça doía tanto quanto se tivesse sido atingida por bigornas, o ar me faltou um pouco pq eu estava meio molenga. Mas tudo bem, os últimos detalhes eu deixaria pra depois, resolveríamos juntos. Tomei meu remédio, exatamente como o médico mandou, sabia que em alguns minutos eu estaria bem de novo.

- Onde você está?
- Estou aqui...
- Sim, mas está fazendo o que?
Opa, pense rápido! Rápido!
- Nada...
- Ok, to indo praí.

O coração dispara. Mas é bom, agora vai dar tudo certo.

Chegou!

Aí me dei conta de que não sabia o que deveria fazer primeiro! Talvez fosse melhor contar tudo logo... Mas aí vieram as perguntas. Eu não estava bem ainda, mas era só eu dizer e pronto, dizer que estava melhorando, mas isso trás comentários indesejáveis. Mas era tarde demais pra mentir.

Silencio.

E aí alivio, vez dela falar. Gosto de ouvir, mesmo que não pareça ouvir é um daqueles momentos em que me sinto próximo, importante o suficiente pra ouvir o que ela tem a dizer, acho que esbocei um sorriso, iria simplesmente conduzi-la pra tudo que eu tinha planejado e ainda poderia ouvir que o dia dela foi agitado e que no fim tudo aquilo valeu muito a pena. Eu seria especial e ...

E tudo desceu por água a baixo, como excremento descendo girando pela descarga. Já tinham dado um jeito de fazer o plano inicial dar certo. Ela estava ali pq só ficou sabendo no meio do caminho... Minha expressão deve ter ficado tão carregada quanto a de um serial killer antes de matar alguém.

Sabe quando tudo dá errado de uma forma tão absurda e tão rápido que você sente até o chão dar uma tremidinha?! Ou o estomago se revirar?

Quer saber como eu me senti?

Foi como se o meu corpo, ou melhor, tudo ao meu redor, incluído o universo, estivesse sendo sugado pra um buraco negro. E o buraco negro era meu umbigo.

Toda empolgação dela escondida transparecia na voz. Aquilo me irritava. Aliás, não a empolgação dela, minha idiotice, aquilo sim me irritava. Só na minha cabeça que meus planos seriam tão excitantes quando os planos dela.

Ela foi numa fila e eu fui ao banheiro, ou ao banco, tanto faz, fui à toa. Fui só contar até dez e pensar num jeito de cancelar tudo aquela idiotice que tinha feito.

Voltei e tentava rir das coisas. Não fui bem sucedido, obvio, mas foi suficiente pra evitar desconfianças. Aliás, eu podia ter feito qualquer coisa, nada iria mudar aquilo. Estava decido e eu estava de fora.

Esqueci tudo por um tempo, mas os telefonemas e os avisos de “tenho pouco tempo pra você” era como espetos na minha barriga.

Aí ela foi embora e eu precisava voltar pra tentar corrigir tudo!

Mas sempre com aquela esperança vã de que como nos filmes ela viesse correndo dizendo que não poderia partir sem mim. Eu, agora, morro de rir lembrando disso. Lembrando do quão idiota eu sou.

Enfim, não pude fazer muita coisa, não vi filme nenhum. Só perdi tempo e dinheiro. Resolvi reativar meus planos cancelados também. Fui pra uma loja comprar uma coisa e conversar com a atendente, que era simpática e me fazia rir. E , surpreendentemente, receber SMS de uma amiga que ficou longe de mim por muito tempo, mas agora está de volta... Aparentemente ela adivinhou que eu me sentia como o cara mais idiota do mundo e me fez rir ressaltando qualidades que eu nem sei se eu tenho mesmo.

Acho que nem tudo no mundo é tragédia, a menos que eu tente ser romântico. Aí sim, tragédia na certa.



Bom, eu não sei vocês, mas se uma historia dessas acontecesse comigo eu JAMAIS admitiria. Diria que ouvi numa novela mexicana, ou que li num desses livros dramáticos. Mas não... Admitir jamais!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Eu odeio o banco e o Universo não vai com a minha cara



Eu tenho problemas com bancos. E o problema começa nas portas giratórias... Aliás, começa por precisar ir ao banco.

Eu fico meio tenso quando entro pq sempre acho que a porta vai travar por causa de alguma agulha que esqueci no bolso e o segurança vai me fuzilar sem nem pensar duas vezes, afinal, se a porta travou, eu devo ser terrorista.

Ai eu entro, mas não fico mais tranqüilo... Cara, tem mais seguranças la dentro e câmeras pra todo o lado, fico pensando que estou sendo observado e que a qualquer momento vão entender um dos meus gestos como suspeito e .. voilà! Serei fuzilado.

Enfim, tirando a paranóia, tem mais paranóia.

Fila. Não suporto fila.

E eu tenho raiva de cliente de banco, só pelas pessoas que precisam atendê-los.

E não to falando do gerente nem nada, to falando do cara que fica no caixa. Por mim essas pessoas deveriam ganhar muito dinheiro pra trabalhar ali. Gosto de pensar que, pelo menos, elas ganham no mínimo 15 mil reais por mês. Isso sem contar as bonificações e adicionais de insalubridade mental e etc...

A questão é que eu acho que as pessoas são muito difíceis de lidar, e ter que trabalhar atendendo pessoas deve ser no mínimo foda. E tu imagina um banco?! O cara que ta ali ta lidando com dinheiro, dinheiro atrai gente do mau. Imagina se um idiota resolve roubar ali?! Vai apontar a arma pra cara dele! Do funcionário!

Nessas horas, enquanto estou na fila pensando nisso, eu fico feliz pela quantidade de câmeras e seguranças... E da porta que trava quando sente cheiro de arma. Sinto-me bem pelos funcionários, que podem trabalhar tranquilos...

Quer dizer, tranquilos o cacete! Eu acho que porta giratória dos bancos deveriam travar não só na presença de metal como também na “presença de ausência de cérebro”. Pq além de mim sempre tem uns 15 ou 20 idiotas na fila.

Não que eu não seja um idiota, mas sou um idiota com limites. Antes de ir ao banco, por exemplo, eu procuro me certificar que estou indo ao lugar certo. Parece obvio, mas vai dizer isso praquele cara que xingou a moça só pq ela não podia ajudá-lo.

E aquele cara que quase bateu na outra moça só pq ela lhe ofereceu um cartão.

Ok, eu não gosto que me ofereçam cartão também. Isso pq to satisfeito com os meus.

- Senhor Leonardo, temos um cartão liberado para o senhor
- Obrigado, mas não estou interessado.

Eu até tenho vontade de dizer: Não estou interessado pq não teria como pagar. Ta foda, to pobre.
Mas os atendentes não tem nada a ver com isso e é injusto encher-lhes os ouvidos com meu blábláblá.

Mas nem todo mundo é como eu, e olha que eu nem sou um bom cliente, como disse sou idiota, mas é sem querer. Tem gente que o é por orgulho:

- Senhor, temos um cartão liberado para o você!
- E eu mandei liberar alguma coisa??! VOCÊ VAI PAGAR A COTA PRA MIM? EU NÃO QUERO PORRA NENHUMA! !QUE INFERNO!

A moça ficou sem ação e o segurança ficou todo clamo quando foi pedir que o cara se acalmasse. Eu tava fervendo de raiva. Na minha vez fui atendido por ela, a moça vitima da ignorância. Eu já esperava que ela fosse me fuzilar com os olhos sangrando de raiva por eu ser cliente também, mas não, foi rápida e eficiente e se estava com raiva de mim, foi muito profissional ao esconder.

Depois daquele dia a encontrei num elevador e ela me reconheceu e brincou me oferecendo um cartão. Perguntei se era sempre assim e ela disse que nem sempre, chegou meu andar e eu dei um “boa sorte” pra ela ao sair. Quis perguntar se ela recebia mesmo 15 mil reais, mas achei que era muito indelicado.

A Era do Fast-food

O mundo, pra mim, anda muito corrido. Sabe, tudo tem que ser rápido, acho que o mundo de hoje é o mundo dos fast-food. [Não que fast-food sejam rápidos de verdade, mas né]

E não só pela rapidez que acho que estamos em tal Era, também me refiro a superficialidade de tudo. Você pede o numero tal e paga, pronto. Não acontece aquele diálogo com o garçom que depois de um tempo no mesmo restaurante vira uma amizade. Tudo começa e termina no balcão.

A vida moderna ta meio assim, superficial. As pessoas até conversam, mas ta faltando um pouco do olho no olho, tudo ou é muito informal, ou muito informatizado.

Sinto falta do tempo que eu ia pra uma pracinha e ficava por lá até perder a noção do tempo... As amizades são mais legais ao vivo.

Eu tenho um motivo pra dizer isso, mas o motivo, quando é teu, é impossível exigir que outros o entendam.

Há bem pouco tempo um amigo das antigas me chamou numa dessas janelas online pra conversar. Ele estava com uma preocupação, estava esperando um exame da namorada e estava nervoso, não queria preocupá-la e se abriu comigo. Conversamos um pouco e no final ele se despediu assim:

- Preciso ir, é uma pena não podermos conversar como antigamente, né?! Abraço, cara, obrigado e até a próxima.

Pois é, é uma pena. Realmente um enorme pesar.

Lembro que certa vez, já era noite, alguém me gritou no portão, ele tinha chorado eu pude perceber, mas não falei nada, dei a ele eu merecido espaço.

Ele disse que precisava se distrair, perguntou se eu tinha tempo. Eu só tinha 12 anos, mas já sabia que sempre precisamos ter tempo pra um amigo. Aliás, não precisamos, não é uma obrigação... Simplesmente temos, é só deixar o egoísmo de lado. E amigos merecem isso.

Lembro que o tempo passou ali no quintal, brincamos com meu cachorro, comemos umas frutas que pegamos no vizinho e ficamos sentados no chão quando ele disse que alguém importante tinha morrido. Ele estava grato por eu não lembrar a ele do pesar e a dor que é perder alguém. E eu estava grato por poder ser útil.

Dei um abraço no meu amigo e o acompanhei até em casa, ele me contou tudo como aconteceu sem eu perguntar. E eu ouvi tudo, de verdade, sem ele implorar minha atenção. Eu era moleque, não saberia o que dizer numa hora dessas, mas pouco importava, ele precisava falar... E eu gostaria de ouvir.

No fim não disse nada muito além do “Eu respeito tua dor, cara, to aí pro que você precisar, mas não vou te deixar ficar muito triste, eu juro”

Agora, pela internet nada foi como antes. Ainda me senti útil, mas senti falta de olhar e saber o que realmente acontecia no interior dele.

Acho que ultimamente as pessoas tem sido assim ao meu redor, muito superficiais. Com muito medo de não saber como agir ou o que dizer. As pessoas esquecem, ou nunca aprenderam, que o silencio e um abraço podem salvar vidas.