Ele acordou cedo, evidentemente contra a vontade.
Café. Ele não viveria um dia sem café.
Banho e rua, pra trabalhar.
Pessoas normais ocupam cargos maçantes em escritórios fedendo a cigarro.
Ele não.
Inclusive, nunca fumou. Odiava qualquer fumaça. Porém sempre andava com um maço de cigarros no bolso da jaqueta e um cigarro avulso, hora na boca, hora entre os dedos.
Motivo?
Charme, segundo ele.
Seu trabalho era mal visto pela sociedade, aliás, a polícia se quer poderia desconfiar dele.
Mas a policia não só sabia como era conivente.
O trabalho dele?
Matar pessoas.
Se ele era bom?
Era o melhor.
Quantas vítimas?
Milhares.
Fatais?
Nenhuma.
Ué, como assim?
Não se sabe direito. A coisa toda se resume em alguém ligar querendo encomendar um assassinato, ele diz o preço e recebe a metade, depois ele trabalha descobrindo os motivos do mandante, descorbeto isso pensa em uma forma de salvar a vitima. No fim ele convence o mandante que a vitima não merece morrer: ou merece ser punida de outra forma, ou perdoada.
Aí acabou?
Não, ele avalia o potencial vingativo da vitima. Se for promissor, ele diz que foi contrato para matá-la e oferece o serviço de vingança: Matar o mandante. A vitima, quando boa vingadora, paga o preço dele. E ele faz seu serviço: Convence a vitima mandante que o mandante vitima não dever ser morto.
Certa vez ele ficou nesse ciclo vicioso por meses.
Recebeu do mandante, avisou a vitima, recebeu da vitima que virou mandante. Aí o mandante que agora era também vitima, foi convencido a mudar de idéia e virou somente vitima. Aí a vitima inicial, que agora era mandante também, por consequência deixou de ser vitima e passou a ser só mandante. Na posição de mandante, foi convencida a mudar de idéia, sobre o argumento de que a vitima lhe havia poupado a vida. A vitima, que no inicio era mandante, ficou sabendo que tinha ido parar no papel de vitima e resolveu reclamar seu papel de mandante mais uma vez. E o mandante, que no inicio era vitima, voltou a ser vitima sem nem saber. O cara, que estava ganhando muito bem, resolveu alertar a vitima, que era mandante, mas que começou como vitima, que ela era vitima mais uma vez. Indignado por voltar ao papel inicial, resolveu abortar seu perdão e reclamar o papel de mandante. Agora eram dois mandantes e nenhuma vitima. O cara estava ganhando em dobro, feliz voltou ao jogo avisando ambos e tornando-os assim, vitimas.
Infelizmente o jogo acabou, irritados com o jogo, um resolveu atirar no outro. Morreram sem pagar a ultima parcela, que aquela altura já era a 8ª parcela ou algo assim.
Isto é Música!
Há 5 anos
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