quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

#2 O medo esta nos olhos de quem vê o grande monstro a se criar

Josefa logo após colocar o café do marido foi recolher as roupas sujas, ao sair comentou com o marido:
- Antônio, cadê os cachorros?
- Sei não mulher, seu Marcelo deve ter esquecido de soltar de novo
- Hum... Não sei porque ele não deixa esse serviço pra nós
- Arre mulher! Já temos muito o que fazer, dou graças a Deus por não ter que esperar as festas acabarem pra soltar os bichos... Vô arrumar o jardim, te mais...
- Te mais, amo você...

Depois de se despedir do marido Josefa foi até a garagem buscar o cesto pra colocar a roupa suja. Ao entrar na garagem percebeu que a porta não estava trancada como deveria e pela bagunça que estava alguma coisa havia acontecido ali na noite anterior, aparentemente uma briga.
Com o coração batendo mais forte Josefa caminhou bem devagar na direção de uma pick-up que estava estacionada no fundo da garagem. Havia um pano jogado ao lado do veiculo, com muito medo Josefa se aproximou lentamente até que pode perceber dentro da carroceria um emaranhado de panos e foi nesse momento que o coração de Josefa parou, não como o do marido que acabara de morrer ali perto, mas de susto. No meio dos panos não havia material esportivo ou de caça, como de costume, e sim um relógio. Josefa tentou gritar, mas o grito não saiu, tentou correr mas a perna não a obedeceu e a única coisa capaz de fazer foi encarar aquele relógio.
Você pode estar pensando que é uma idiotice ela se assustar com um relógio, particularmente também acho, porém o relógio estar preso em um braço, apenas um braço sem corpo e ensanguentado torna as coisas um pouco assustadoras, não acha?!
Ainda bem que não era esse o caso, o relógio era apenas um relógio, o susto de Josefa era porque ela tinha certeza que o falecido Sr. Marcelo, não aquele morto na piscina que ninguém viu ainda e sim o pai dele que morreu um mês antes, havia sido enterrado com aquele relógio. Por ser muito impressionável Josefa se quer pensou que qualquer camelô podia vender uma copia daquele relógio, simplesmente engatou uma primeira e saiu correndo dali.
Ao sair correndo da garagem Josefa esbarrou em uma prateleira acidentalmente e derrubou uma pequena caixinha de madeira, uma caixa de madeira trabalhada a mão e feita em madeira nobre. A caixinha ficou ali no chão, mas Josefa não, ela correu direto para o jardim a procura do marido que estava morto, obviamente sem saber que ele estava morto, afinal de contas que iria fugir de um morto correndo pra outro?
Josefa não percebeu, mas dentro do Land Rover prateado dois corpos jaziam na parte traseira.



Três pensamentos surgiram quase que ao mesmo tempo em três mentes diferentes, um veio de um dos corpos no Land Rover e era uma nota mental:
“Nunca mais fazer sexo em um carro pequeno, meu pescoço esta me matando”
Outro e pensamento veio do outro corpo, o que estava por cima:
“Cacete! Onde será que deixei meu relógio??”
Porém o pensamento mais importante era o de Josefa que neste momento acabara de descobrir que seu marido estava morto. Com um sentimento de tristeza profunda Josefa pensou:
- O que será que havia dentro daquela caixinha??